Educação Financeira na prática

Em meio aos desafios diários da educação pública e à necessidade crescente de formar cidadãos mais conscientes e preparados para a vida prática, uma professora do 3° ano do ensino fundamental encontrou uma maneira simples, criativa e poderosa de ensinar algo essencial: educação financeira.

O projeto, intitulado “Educação Financeira na Prática”, vem sendo desenvolvido pela   professora Gisleine, que atua em uma escola da rede pública de Indaiatuba. A ideia nasceu de uma inquietação: como ensinar noções de economia, valor do trabalho e consumo consciente para crianças sem recorrer a teorias abstratas ou planilhas enfadonhas? A resposta veio na forma de um sistema próprio de “dinheiro” e uma prática que mistura ludicidade, responsabilidade e empatia.

A professora criou cédulas fictícias em três valores – 1, 10 e 100 – e distribui essas notas aos alunos ao longo do bimestre, conforme eles realizam tarefas em sala de aula, superam desafios, demonstram colaboração ou apresentam bom desempenho. O “salário” escolar é proporcional ao esforço e à participação de cada um. A economia gira em torno do mérito, mas também da valorização do coletivo e do comportamento.

A cereja do bolo vem ao final do bimestre: após as provas, os alunos são convidados a trazer de casa brinquedos antigos – aqueles com os quais já não brincam mais – e montar uma espécie de vendinha dentro da sala de aula. Com o dinheiro fictício acumulado, eles podem “comprar” os brinquedos dos colegas. O momento é de alegria, expectativa e, acima de tudo, de reflexão.

“Eles aprendem a negociar, a fazer escolhas, a poupar, a calcular. E também a desapegar, a perceber o valor simbólico das coisas. É uma simulação muito rica, porque tem tudo que o mundo real exige, mas de forma segura e divertida”, explica a professora, entusiasmada com os resultados.

O projeto não apenas ensina conceitos financeiros como também reforça valores de sustentabilidade e solidariedade.

Iniciativas como essa ganham cada vez mais importância no cenário educacional, especialmente em tempos em que o consumismo precoce e a falta de preparo para lidar com o dinheiro são problemas reais. “Educação Financeira na Prática” mostra que é possível abordar temas complexos com criatividade e empatia, aproximando o conteúdo escolar do cotidiano dos alunos – e, mais do que isso, plantando sementes de responsabilidade para o futuro.